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gustavo magalhães

artista visual

Exposição Individual

"FUSÃO", CAIXA Cultural Recife, 2024

Texto curatorial, por Ayala Prazeres

"A materialidade e as construções pictóricas no trabalho de Gustavo se constituem por uma ecologia visual. A matéria é algo tão importante quanto a pintura nela concebida. Há, assim, um processo recíproco na relação que Gustavo constrói entre as imagens e a matéria. Podemos pensar o conceito de Fusão, presente nas articulações poéticas do artista, como um processo de simbiose: uma possibilidade de convivência e mutualidade; a união de duas ou mais partes que se extinguem para gerar uma nova possibilidade; um movimento de passagem de um estado a outro, uma mudança.  

      A ecologia nas obras de Gustavo é suscitada pela superfície escolhida a priori. Vige um processo cuidadoso em que o objeto e a pintura se tornam um só, ambos contendo seu tempo-espaço anterior e, quando articulados enquanto pintura-objeto ou objeto-pintura, passam a exercer uma outra narrativa no tempo porvir. Uma nova posição no mundo, um gesto imperativo do artista sobre a matéria e seu tempo de vida programado, uma coalizão entre imagem e objeto. Residem na ecologia do artista processos pictóricos que são possíveis apenas através da relação de simbiose e cujos trabalhos apresentam-se com novas características e deslocamentos da linguagem, transversal ao olhar da pintura tradicional. 

      Há uma especulação concebida diante do tempo: não se trata de uma madeira ou polímero que antes compunha um objeto utilitário, mas da matéria que se torna imagem. Entretanto, a poética de Gustavo é também interessada no tempo passado, não enquanto sua função programada anteriormente, mas na possibilidade plástica da matéria em articular novos lugares: “lugar” onde sua função é radicalmente modificada pelo próprio tempo e pelo artista que enxerga algo além da obsolescência. Trata-se de uma inteligência, a de articular imagens antes mesmo da imagem. Vemos camadas sobrepostas, marcas do tempo, imperfeições, materialidades sensíveis, corpos, identidades, imagens, suportes e linguagens postos diante uns dos outros, coexistindo com o mínimo das hierarquias, configurando um outro modo de relacionar-se com o mundo.

      A imagem é transfigurada no momento em que é retirada do seu lugar de origem: redes sociais, bancos de imagens ou fotografias autorais. Essa imagem, agora deslocada, passa por uma operação de reconfiguração e reorganização mental, espacial e material até encontrar no suporte escolhido uma ampliação de seu sentido original. Isso ocorre não apenas pelo deslocamento da imagem, mas sobretudo pela criação de uma imagem que se relaciona com a materialidade e que constrói, a partir dela, características pictóricas únicas. É no olhar do artista que as imagens ganham vida e a materialidade é transfigurada em trabalhos de arte, encontrando no tempo e no espaço uma nova relação, forjada no encontro.

      Entre perdas e ganhos, uma nova matéria é concebida pelo olhar do artista, que inscreve uma nova gramática e reinsere uma narrativa no tempo-espaço dos materiais apropriados. Um processo complexo e envolvente, uma interação entre a imagem, a matéria e o tempo."

FICHA TÉCNICA

artista visual Gustavo Magalhães curadoria Ayala Prazeres realização Rafael Rodrigues

produção local moLLusca Produções - Gabi Izidoro design gráfico Thaíse Amorim

produção gráfica Thaíse Amorim 3D motion Claudin projeto expográfico Aurora Projetos cenotecnia Marcenaria São José montagem GF Montagens iluminação

Sandro Moraes assessoria de imprensa Vanessa Angeiras fotografia Brenda Alcântara

videomaker Diego Nigro audiodescrição AllDub Group pintura Índio e Manoel Alves

plotagem Enfant Terrible Design e Uziel libras Jaqueline da Silva

Patrocínio

CAIXA

Governo Federal

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